Como você sabe, um dos pontos teológicos mais fortes que sustentam o Teologia & Beleza é o Triperspectivalismo de John Frame. Lembra das postagens das “peneiras”? Como recebi muitas perguntas sobre “namorar ou não namorar”, vou ensinar a você essas duas aplicações: saiba se está pronta para escolher bem o futuro marido e se seu pretendente satisfaz critérios confiáveis — critérios de Deus em primeiro lugar.
1. Examine sua vida segundo esses pilares:
Normativo – Você crê na Bíblia como Palavra de Deus e na salvação pela fé unicamente em Jesus Cristo, que se sacrificou por nós para nos resgatar da morte para a vida? Se ainda tem dúvidas teológicas básicas, volte várias casas e se fortaleça primeiro nessa área.
Situacional – Você congrega em uma igreja local e conta com autoridades maduras para ensino e aconselhamento? Se não, busque essa rede de apoio antes de pensar em namorar.
Existencial – Você cultiva o relacionamento com Deus em seu quarto, com leitura da Palavra e oração constantes, entendendo o que Ele tem lhe dito ao coração sobre quem você é e do que precisa, de modo pessoal? Se você está perdida nisso, busque mulheres que a ajudem, e deixe o namoro para quando estiver mais segura emocionalmente em Deus. Se não, vai ser grande a chance de desejar um namorado para suprir essa necessidade de Deus (o que é idolatria).
   Quando namorei pessoas erradas, eu tinha mais ou menos firme apenas o Normativo. Não estava desviada da fé, mas não contava com pessoas maduras para me ajudar e tinha muita resistência emocional para comparecer diante de Deus constantemente em oração. Quando isso começou a ser resolvido, eu entendi que precisava ficar sozinha por um tempo para que Deus me desse crescimento espiritual suficiente e eu parasse de escolher errado. Foi depois de alguns anos sem namorar ninguém, em uma igreja com um ensino mais sólido e acompanhamento constante, que conheci o André. Os três pilares são imprescindíveis.
2. Para decidir se dá uma chance ao rapaz:
Normativo – Ele é de fato um filho de Deus? Crente fiel e sincero? Não tenha medo de avaliar bem esse quesito. Converse bastante com ele.
Situacional – Como é a vida dele? O namoro é possível? Ele conta com boa avaliação das autoridades da igreja que estão sobre ele? Se lhe dizem que não é um rapaz confiável, não seja teimosa. Conheço vários casamentos que começaram assim e terminaram em divórcio.
Existencial – Ele agrada você? Está dentro dos seus critérios pessoais de como deve ser seu marido?
   Para tomar decisões, o Normativo deve ser o primeiro critério a ser considerado. A Palavra de Deus é clara sobre isso? Sim, proibindo o “jugo desigual” (2Co 6.14-15), ou seja, casamentos entre crentes e descrentes. Porém, todas as “peneiras” fazem parte do processo de decisão. Não minimize o Situacional nem o Existencial; você precisa saber se as circunstâncias são favoráveis e também tem o direito a suas preferências! Só atente para que essas preferências sejam de fato importantes para o casamento. “Bonito” é um critério muito menos importante, no final das contas, que “carinhoso”. O homem pode ser lindíssimo, mas se você adora um chamego e ele é do tipo mais frio, pode ser difícil ajustar isso.
Exemplo prático
Vou dar um exemplo sobre a questão intelectual, que foi uma das mais fundamentais para mim. Muitas moças me disseram que, para elas, a inteligência é muito importante, mas elas ouvem que não deveriam estabelecer esse critério porque os homens têm medo de mulheres muito inteligentes. Eu respondo com todas as letras que esses homens não serão para elas. Como eu posso ter tanta certeza disso? Além do fato óbvio de que rapazes medrosos e inseguros sempre se sentirão ameaçados, e não gratos, pelas qualidades femininas — e dos medrosos e inseguros é melhor ficar longe —, a inteligência é um dom de Deus, e não um pecado. Uma mulher que está firme na fé e tem como prioridade o aprimoramento teológico (Normativo), é estimulada a continuar assim pela igreja local e por sua rede de convivência (Situacional) e entende que, em sua vida pessoal, Deus tem confirmado Sua vontade para ela, dando-lhe mais e mais oportunidades para reafirmar sua vocação intelectual e exercitar seus dons (Existencial) só terá a perder com um marido alheio a tudo isso. Deus é Pai! Nenhum pai terreno escolheria para sua filha com essa vocação específica, de bom grado, um marido que não tem condições intelectuais. Pode acontecer até, mas esse marido será um contrapeso (talvez por causa do orgulho dela?), e não alguém que a puxa para cima. Deus pode dar cônjuges que são contrapeso? Pode, claro! Mas avalie bem se é o caso, ou se, na verdade, você está escolhendo mal porque cansou de esperar ou tem medo de ficar sozinha. Suspeito de que isso seja bem mais comum.
   Fique firme nos três pilares e saiba quem você é diante de Deus; não diminua seus critérios se o próprio Deus os confirma.

One Comment

  • Ilton Santana disse:

    Lembrei de um texto que escrevi há um tempo sobre se Deus escolhe a pessoa com quem vamos casar (apesar de não ser um tema comum para mim). Fiquei surpreso quando percebi que várias irmãs da igreja tinham essa compreensão.

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