Desconheço peças instrumentais tão engraçadas quanto as de Rossini ou Ray Conniff. Apesar das muitas características que os distinguem — época, estilo, o primeiro compositor e o segundo arranjador — , ambos são mestres em apresentar aos ouvintes o ridículo inerente à condição humana. (Aqui penso, sobretudo, na abertura de La Gazza Ladra — vídeo acima — e em Brazil.) Mas assinalo uma diferença fundamental: enquanto Rossini me emociona, Ray Conniff apenas me faz rir. E, à parte as qualidades musicais, talvez seja dessa natureza o abismo que os separa — o ridículo de Conniff, provavelmente inadvertido, resulta do contraste que há na abundância sentimentalista executada com perfeição formal; já o ridículo de Rossini é multifacetado como uma cosmovisão, com seus aspectos heroicos, trágicos, líricos, e subjaz às narrativas de todos nós.
Sobre mim
Doutora em literatura francesa pela UFRJ, mestre em teologia filosófica pelo CPAJ (Mackenzie) e consultora de imagem pela Closet Inteligente, juntei meu amor pela beleza aos meus estudos teológicos, buscando ajudar mulheres que, como eu, desejam de todo o coração sujeitar cada centímetro de suas vidas ao senhorio de Cristo.